O Tacacá, o café e as surpresas da vida.

Você já comeu um Tacacá?

Durante um período da minha vida profissional, passei a viajar com frequência para Belém, no Pará. Um lugar de cultura forte, cheio de peculiaridades e diferenças regionais quando comparado ao meu Nordeste.

A comida, então, é um caso à parte. Os extremos são bem definidos: ou você ama, ou não quer ver nem de longe. Entre os pratos mais emblemáticos, está o Tacacá.

Foram mais de seis meses passando pelo menos uma semana por lá e só criei coragem para experimentar essa iguaria no final do período. O problema? O visual não ajuda muito.

Mas aí mora a surpresa. O sabor é muito melhor do que eu esperava. É algo bem específico, claro, mas não tem nada de insuportável – pelo contrário, é interessante.

Foi nessa experiência que me dei conta de algo simples: às vezes, a gente precisa provar antes de julgar.

O que isso tem a ver com café?

Se você já experimentou um café sem açúcar pela primeira vez e torceu o nariz, vai entender bem o que estou falando. O paladar estranha, a primeira reação pode ser negativa, mas depois vem a descoberta: os detalhes do sabor começam a aparecer, e você percebe que talvez só não tenha aprendido a apreciar do jeito certo.

Foi a mesma coisa com o Tacacá. O estranho pode se tornar interessante – basta dar uma chance.

O que isso me ensinou?

Nessa experiência no Pará, descobri algo muito maior do que apenas um novo prato. Foi ali que realmente percebi como o Brasil é um país de muitas culturas e formas de viver. E como, no fundo, o respeito às diferenças é essencial.

Passei a enxergar melhor os regionalismos, a valorizar a diversidade e a tentar trazer essa visão para a minha vida. Afinal, somos diferentes – e isso é o que torna tudo mais interessante.

Agora, um desafio para você

Se um dia for a Belém, experimente fazer um teste simples: encontre um paraense, alguém que consome açaí da forma tradicional, e explique como tomamos açaí no Sudeste e Nordeste – doce, com leite condensado, granola, banana.

Depois, observe a fisionomia da pessoa. O choque cultural é real! 😆

E no fim, talvez o açaí deles seja como o Tacacá – ou como o café sem açúcar: estranho à primeira vista, mas com um sabor que pode te surpreender.